Estar sempre junto, fazer compras, participar da mesma reunião de amigos. Será que esta é uma relação de companheirismo? Para alguns, estas coisas são suficientes, mas o primordial é que um participe da vida do outro.
É o que afirma a psicóloga Izabel Santa Clara ao explicar a importância do companheirismo dentro de um relacionamento amoroso. “O companheiro é aquele que participa da vida ou das ocupações do outro em qualquer relação que se estabeleça com as pessoas. Nenhum relacionamento se sustenta sem companheirismo, falo de participar um da vida do outro, importar-se com as coisas do outro. Geralmente, o companheirismo é colocado à prova quando um dos cônjuges, ou o próprio casal, passa por algum problema.”
Segundo Izabel, o companheirismo é a lealdade entre as pessoas que se dispõem a caminhar juntas com cumplicidade, lutando pelo mesmo propósito, com confiança, respeito e admiração. Porém, nos dias atuais, isso é cada vez mais raro. “Numa época onde o individualismo predomina e a necessidade da independência relacional está cada vez mais evidente, ser companheiro é uma qualidade que está cada vez mais incomum.”
A psicóloga diz que este companheirismo é conquistado por meio da maturidade. “É isso que permite que se esteja junto sem querer dominar ou ter um poder sobre o outro, o que também possibilita um a ser diferente do outro e, apesar disso, aceitar e respeitar estas diferenças.”
Quando este companheirismo nasce, a relação se desenvolve, porque se alimenta desta troca de cumplicidade. “Desta forma, o amor trará relações sólidas e construtivas, que acrescentam para ambos, com a oportunidade de conhecer o outro. Quando as pessoas se conhecem e se respeitam, valorizam os pequenos gestos que demonstram que companheirismo é fazer parte do dia a dia. No final o resultado é positivo para todos“, ensina Izabel.
Foi a falta desta cumplicidade que quase fez o casamento da dona de casa Ana Paula Correia, de 27 anos, desmoronar. “Meu marido não se importava comigo, mal nos falávamos em casa. Comecei a ficar triste porque me sentia sozinha mesmo estando com ele. Até um dia que o chamei para conversar. Hoje estamos tentando ser amigos e cúmplices, brincamos mais, estamos levando a vida a dois com mais levezae está dando certo”, conta.
A ausência de companheirismo desgasta a relação devido ao individualismo e ao egoísmo, que deixam pouco ou nada para ser resgatado, em caso de término. “O amor sozinho não sustenta qualquer relação e não consegue resistir ao egoísmo, ao descaso diário e à frieza. A falta de companheirismo mata qualquer relação, principalmente a conjugal. Desde as pequenas coisas até as mais significativas vão se perdendo a partir do momento que alguém deixa de participar da vida do outro”, ressalta a psicóloga.
Ela deixa claro que não há fórmula para haver mais companheirismo entre as pessoas. “Seria como dar uma receita de bolo, e quando falamos de relações isso não funciona. A verdade é que nos tornamos companheiros a partir do amor, e esse amor reforça o companheirismo”
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